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COMvivência(s) is a project where participants come together to build, stay, and be together in a space of shared aesthetic-poetic experiences.The starting point is with the residents of two social housing neighbourhoods in Guimarães, Portugal. These neighbourhoods are located on opposite hills of a valley, crossed by a road that allows them to reach the city centre. Although they have the same number of blocks and almost identical architecture, they manage to be and present themselves in very distinct ways.
Coradeiras, the first neighbourhood we activated, is situated at the top of the hill, with paved streets between houses inhabited by families, where many children can be seen, whether playing football or wandering in groups through the streets.
Mataduços, the second neighbourhood (second only in the sequence of our activities), is located at the lower part of the hill and consists of a single, steep, narrow, and winding street, where the same five blocks, with fewer homes, seem to slide along the road. Between the houses, vegetable gardens and aromatic plants grow, separating the residences.
The aim of this project, promoted and coordinated by the Paisagem Periférica association, is to direct the use of theatrical practices towards the field of Mental Health and Well-being. To this end, the neighbourhoods (their residents and managers – the CASFIG organisation) are joined by students from the University of Minho’s School of Medicine, who take part in a series of practices designed to spread ways in which people can take care of themselves, one another, and the common good, both physically and mentally.
We were invited to participate in this first phase of the project, which is expected to continue for some time, to lead the Collaborative Design Workshop – “Caring for the Common Space”, carried out separately with the residents of each neighbourhood.
Our intervention took place in CASFIG’s Resource Centres, two houses – one in each neighbourhood – that needed to be reorganised to function as spaces for gathering and activities, both within this project and for future initiatives that may emerge from it.
Our proposal focused on the construction of functional structures, serving both as organisational elements and as partitions, enabling the creation or transformation of spaces into smaller, more adaptable areas. On one side, we worked on a wooden structure, built in carpentry workshops, where each module had a specific function: a coat rack for jackets and backpacks, shelves, and a space for stacking and storing the room’s chairs. On the opposite side, concealing the organisation of objects, we used fabrics and other textile materials to create two layers: a white canvas, allowing for a neutral space – which could be used, for example, for performances created with the neighbourhoods from the exercises carried out with them – and a colourful patchwork layer, in which each neighbourhood collaborated in the design and construction of patterns.
During the workshops, under the tent and with tools set up outside despite the rain, we welcomed various residents from the neighbourhoods. At first, they approached to understand what was happening, and later, they joined in to try different practices and stages of the construction. Some participants appeared occasionally, while others eagerly awaited our arrival to continue the work.
The construction of these structures by the residents themselves provided moments of conviviality and connection, also with the space, which, although intended for them, did not yet feel like their own. The rooms, previously white and impersonal, did not truly belong to them. Now, after the experience of collectively creating something of their own to integrate into the space, they take ownership of it and can enjoy it more fully – now filled with colour, meaning, and new possibilities.













COMvivência(s) é um projeto onde os participantes se encontram para construir, estar e estar juntos, num espaço de partilha e experiências estético-poéticas.
O ponto de partida faz-se com os moradores de dois bairros sociais de Guimarães. Estes bairros situam-se em colinas opostas de um vale atravessado por uma estrada que lhes permite chegar ao centro da cidade. Embora apresentem o mesmo número de blocos e praticamente a mesma arquitetura, conseguem ser e apresentar-se de formas muito distintas.
Coradeiras, o primeiro bairro que ativámos, situa-se na parte superior da colina, com ruas pavimentadas entre as casas habitadas por famílias, onde se veem muitas crianças, seja no campo de futebol ou a deambular em grupo pelas ruas.
Mataduços, o segundo bairro (e segundo apenas na sequência das datas das nossas atividades), fica na parte inferior da colina e é composto por uma única rua — íngreme, estreita e curva — onde os mesmos cinco blocos, com menos habitações, parecem deslizar ao longo do caminho. Entre as casas, hortas e jardins brotam couves e plantas aromáticas, separando as habitações.
O objetivo deste projeto, promovido e dinamizado pela associação Paisagem Periférica, é direcionar a utilização das práticas teatrais para o campo da Saúde Mental e do Bem-estar. Para tal, juntam-se aos bairros (seus moradores e gestores – a organização CASFIG) estudantes da Escola de Medicina da Universidade do Minho, que participam através de uma série de práticas destinadas a disseminar formas de cuidar de si, do outro e do bem comum, tanto do ponto de vista físico como mental.
Fomos convidados a participar nesta primeira fase do projeto, que se propõe a continuar por mais algum tempo, para dinamizar a Oficina de Design Colaborativo – “Cuidar do Espaço Comum”, realizada separadamente com os moradores de cada bairro.
A nossa intervenção teve lugar nos Centros de Recursos da CASFIG, duas casas – uma em cada bairro – que necessitavam de ser reorganizadas para funcionarem como espaços de encontro e de atividades, tanto no âmbito deste projeto como de outros que possam surgir a partir dele.
A proposta que trabalhámos centrou-se na construção de estruturas funcionais, que servem simultaneamente para organização e como biombos, permitindo a criação de espaços ou a sua transformação em áreas mais pequenas e adaptáveis. De um lado, trabalhámos uma estrutura em madeira, construída nas oficinas de carpintaria, onde cada módulo apresentava uma função específica: um cabide para casacos e mochilas, prateleiras e um espaço para empilhar e guardar as cadeiras da sala. Do lado oposto, ocultando a organização dos objetos, utilizámos tecidos e outros materiais têxteis para criar duas camadas: uma tela branca, permitindo a criação de um espaço neutro – que pode ser utilizado, por exemplo, para espetáculos criados com os bairros a partir dos exercícios realizados – e uma camada colorida em patchwork, na qual cada bairro colaborou no design e na construção dos padrões.
Durante as oficinas, debaixo da tenda e com as ferramentas do lado de fora, mesmo com chuva, fomos recebendo diferentes pessoas dos bairros. Primeiro, aproximavam-se para perceber o que se passava e, depois, para experimentar as diferentes práticas e etapas da construção. Alguns participantes apareciam ocasionalmente, enquanto outros passaram a esperar ansiosamente pela nossa chegada para dar continuidade ao trabalho.
A construção destas estruturas pelos próprios moradores proporcionou momentos de convívio e conexão, também com o espaço, que sendo para eles, ainda não era deles. As salas, antes brancas e impessoais, não lhes pertenciam verdadeiramente. Agora, após a experiência de criarem juntos algo seu para integrar no espaço, apropriam-se dele e podem usufruí-lo melhor – agora repleto de cor, significado e novas possibilidades.